quinta-feira, outubro 06, 2005

Aprender a voar


Qualquer aprendizagem pressupõe os seus problemas. Todos sabemos que a vida é uma aprendizagem constante, e no entanto por vezes tendemos a esquecer essa evidência.

Cada vez que iniciamos uma nova actividade ou período na vida, temos de dar os primeiros passos. É complicado, vamos dar uns tombos até descobrirmos como manter o equilíbrio. E apesar de após algum tempo já conseguirmos fazer boa figura, tal não significa que os tombos não tornem a acontecer.

Mais complicado do que aprender a andar é aprender a voar. O chão é duro e o choque com a realidade é proporcional com a altura a que nos elevámos. Isto porque como a natureza não nos dotou de asas ou outra qualquer caracteristica que nos permita elevar nos céus, o nosso vôo será aqui uma metáfora para o sonho, tal como na história de Ícaro.

Sonhar e obter sucesso depende de uma exultante loucura acompanhada de uma sorte incrível, ou de um esforço metódico em que a preparação e o crescimento sustentado formam os alicerces de tudo o que se irá construir.

A diferença entre Ícaro e Dédalo encontra-se essencialmente na manutenção do sonho concretizado. Dédalo, mais racional, experimenta o vôo e ao observar o que o rodeia, mede os perigos e mantêm-se longe do Sol, onde o calor poderia derreter a cêra que unia as penas com as quais construiram as suas asas. Ícaro, com a irreverencia e tolice próprias da juventude, deixa-se atrair pelo brilho do Sol e voa cada vez mais perto até que o inevitável acontece.

Existe nesta história um 3º personagem de quem nunca se ouve falar. O Homem que ficou no chão. Esse nunca chegou a saber o que é estar acima dos montes, elevar-se na perseguição do sonho, simplesmente porque nunca ousou a tal.

Complicado para mim não é a possibilidade da queda, é não chegar a experimentar o vôo. Assim que abandonamos o chão não há como voltar atrás sem ser com algumas nódoas negras, ou mais concretamente, um sentimento de frustração por não ter tentado ir até ao fim. É dar aos braçinhos e voar.

Quer nos mantenhamos no ar a uma altitude segura, ou voemos para lá dos limites de segurança e nos estatelemos no chão, no final, teremos pelo menos uma história em que os protagonistas fomos nós, e não alguém que conhecemos.

Qualquer animal excepto o Homem sabe que a vida só tem um propósito... aproveitar ao máximo. Está na hora de aprender umas coisinhas.

Termino este com uma frase de Randall G Leighton (não sei quem é, não façam perguntas difíceis).

"Work like you don't need the money, love like you've never been hurt and dance like no one is watching."

1 comentário:

Anónimo disse...

Bela e sábia frase, mas não é fácil tentar...todos temos os nossos medos, e enfrentá-los é preciso algo mais que coragem...beijos grandes da Anokass