quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Pontos de fuga


Quando as coisas se complicam o melhor que temos a fazer é optar pela simplicidade e dar uma saltada aos espaços abertos onde por mais que conheçamos há sempre alguma coisa que nos surpreende.

Um passeio ao Portinho da Arrábida para esticar as pernas e aproveitar uns raios de Sol é sempre bom.

Os ares da serra abrem o apetite, a beleza selvagem rodeia-nos, e abranda-se quer se queira quer não. Estar numa das mais lindas baías do mundo com uma serra linda ao lado, a brisa que me traz a maresia misturado com os cheiros do mato fazem deste sitio um local muito especial. Estimula os sentidos de uma forma muito calma e ajuda a reequilibrar qualquer coisa por dentro para a qual eu não tenho um nome. No entanto gosto da sensação.

De cada vez que vejo esta paisagem ao virar da curva na estrada, por mais que passe por lá, fico sempre assombrado pela beleza que o caracteriza e que me faz sentir num paraíso tropical. Não há foto capaz de transmitir a sensação, por isso só posso recomendar um passeio de fim de semana com alguém especial por companhia para verificar em primeira mão aquilo que digo.

Ao observar um quadro, e sabendo o que são os rudimentos de desenho, podemos sempre encontrar aquilo que são os pontos de fuga, elementos essenciais para qualquer perspectiva bem conseguida. Mas os pontos de fuga não são apenas parte da técnica de desenho. Cada local especial que temos e para onde vamos quando precisamos de equilibrio são também pontos de fuga.

Não são soluções de alienação, são como fontes da juventude onde vamos retemperar as forças e beber energias para regressar à batalha que o dia a dia nos impõe. Sozinho ou com alguém especial, estes locais juntam sempre aquele toque... é como a cereja no topo do bolo, ouro sobre azul.

De tempos a tempos todos nós regressamos aos nossos locais especiais. Não sei quando vou voltar a um dos meus, só sei que será na altura certa. Nunca se deve abusar daquilo que gostamos, acaba por se transformar em banal aquilo que era especial. E eu não quero banalizar nada nem ninguém. Locais e pessoas especiais são para serem "consumidos" em doses moderadas, dando o espaço suficiente para que não se atinja o ponto de saturação ou se sufoque quem está lá quando precisamos... os amigos.