Esta noite sonhei contigo. Vi-te nitidamente, estavas linda, mas mais uma vez não tinhas rosto. Vi-te a cores, foi tão real como qualquer outra coisa, mas não soube quem eras. Continuas a ser um vulto, uma figura que aparenta aproximar-se de mim e quando está quase ao meu alcance, volta a desaparecer. Sabes que preciso de ti, que és a minha metade. Que me dedicarei a ti por completo. Serei tudo o que precisares que seja. Conheces-me melhor do que ninguem.
Se tudo isto é verdade, diz-me então porque te escondes de mim, porque é que só te encontro num sonho ou no fundo de uma qualquer garrafa de vinho.
Cansa-me procurar-te e nunca te encontrar. Cansa-me continuar a ver-te passar na rua na figura de cada mulher, e nunca seres tu. Mas isso nunca fez com que eu desistisse de ti, apesar de me sentir um D. Quixote, louco de amores, agarrado a um sonho que nunca passou disso mesmo, a lutar contra moinhos de vento e em busca da sua Dulcineia.
Sabes, existem alguns raios de luz que me iluminam o rosto quando sorrio pela felicidade de um amigo que te encontrou. Hoje foi um desses dias. Finalmente mostraste-te a um amigo meu, que te buscava à muito tempo também, e fiquei feliz como se fosse eu a encontrar-te. Mas comigo continuas a ser cruel, a brincar com os meus sentimentos e a escapar-te antes que eu possa ver o teu rosto.
Nem se trata de justiça, está para lá dos conceitos lógicos que formam a razão. Trata-se de sentimentos e necessidades, trata-se de nem sei o quê...
Quero que venhas e grites o meu nome. Que me envolvas nos teus problemas e me dês cabo da cabeça com ninharias. Que me escutes quando precise de falar, que adivinhes os meus pensamentos mas que perguntes como se não soubesses para me forçares a ultrapassar as minhas barreiras, que me ames na cama e fora dela. Quero sentir-me envergonhado de não me lembrar da data do aniversário em que nos conhecemos, porque isso não é tão importante como cada dia que passo contigo e que sou mais feliz do que no anterior. Preciso dos teus hábitos irritantes e das tuas manias estranhas.
Espero que saibas que és tu a tal. Que o tango é para dançar a dois e que só tu me serves como parceira. Por isso não fujas nem desvies o olhar quando decidires que é chegada a altura certa, porque nos meus olhos verás tudo aquilo que precisas de saber acerca de mim.